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Movimento pelo Cinturão Verde apresenta dados sobre situação atual do corredor ecológico Última atualização em, 22 de abril de 2024

Em reunião de trabalho realizada na manhã desta sexta-feira, 19, integrantes do Movimento pelo Cinturão Verde levaram ao conhecimento da comunidade os primeiros resultados de um mapeamento que vem sendo realizado há três meses em Santa Cruz do Sul, visando a levantar dados para aprimorar iniciativas de conservação ambiental e nortear medidas para as compensações de proprietários preservacionistas. As apresentações, no auditório da Procuradoria-Geral do Município, foram conduzidas pelo geólogo José Alberto Wenzel - coordenador do Movimento e presidente do recém-criado Conselho Municipal de Gestão Socioambiental -, com apoio técnico das secretárias municipais Simone Schneider e Karianne Pacheco e outros servidores da Prefeitura. 


Conforme Wenzel, o propósito do Movimento - que vem sendo operacionalizado desde janeiro - é conciliar o desenvolvimento econômico com a conservação das riquezas ambientais, promovendo uma relação harmoniosa entre humanos e a natureza. “Nós não temos noção de tudo o que o Cinturão Verde significa, pela grande biodiversidade que ainda resiste. Precisamos olhar para frente, para recuperar o máximo do que já perdemos e valorizar o máximo do que ainda temos”, pontuou, em seu pronunciamento. Wenzel também agradeceu à prefeita de Santa Cruz do Sul, Helena Hermany, que, conforme disse, “abraçou esta causa” e viabilizou que o debate pela preservação recebesse destaque no município. 


463 hectares de ocupação controlada


Considerado um dos grandes corredores ecológicos da região sul do país, o Cinturão Verde que circunda Santa Cruz do Sul abriga uma ampla biodiversidade com extrema representatividade do bioma Mata Atlântica. Os dados apresentados na reunião apontam que a grande maioria - 87,5% - dos imóveis inseridos nos 463,79 hectares de abrangência ficam localizados em áreas privadas, ao passo que 12,5% correspondem a áreas públicas. São, ao todo, 752 lotes que integram o Cinturão, divididos em terreno, glebas, empreendimentos fechados e loteamentos. 


De acordo com a secretária municipal de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade, Simone Schneider, a demarcação teve início em 1994 e, hoje, passados 30 anos, é provável que já tenha sofrido alterações. “Alguns marcos já não existem mais e, talvez, a área de abrangência já tenha, hoje, outra conformação, pelas fragmentações decorrentes da pressão urbanizadora”, analisou. 


Na avaliação do grupo de trabalho, no entanto, apesar do crescimento da cidade neste período, as ações de conservação historicamente postas em prática vêm sendo positivas. “Apesar da urbanização, fica evidente que a maioria dos lotes está sem edificação. Temos alguns pontos com maior concentração de edificações, mas a grande maioria está sem construções. Isso nos mostra que, na área do Cinturão, há urbanização, porém não há densificação de edificações”, detalhou Simone, que é mestre em Ambiente e Desenvolvimento. 


Baseado em legislações federais, o Plano Diretor de 2019 rege a zona de preservação ambiental de Santa Cruz do Sul. Conforme a secretária municipal de Planejamento e Governança, Karianne Pacheco, alguns tipos de edificações são toleradas dentro dos limites do Cinturão, com especificidades. “É uma zona de ocupação controlada, pelo uso restrito da urbanização”, definiu. Segundo Karianne, que é arquiteta e urbanista de formação, a preservação e futura ampliação do Cinturão é fundamental para toda a região, ao passo que favorece a drenagem da cidade, evita a formação de ilhas de calor e absorve parte da poluição. 


O presidente da Câmara Municipal de Vereadores, Gerson Trevisan, também se manifestou na reunião, parabenizando Wenzel e os demais envolvidos no Movimento “por permanecerem firmes na defesa do Cinturão após os 30 anos de demarcação”. Ele destacou, ainda, a importância de se falar de forma permanente sobre todas as causas ambientais que estão ao alcance dos santa-cruzenses. “Temos uma expectativa forte de que seja possível conservar o que se tem e aumentar ainda mais a área demarcada”, disse. 


Os apontamentos das autoridades foram complementados pelo geólogo Mário Gilberto Ferreira Esperança Júnior e pela bióloga Daiane Gaiger, que contribuíram com a apresentação dos dados detalhando a importância da conservação para evitar riscos geotécnicos - como a possibilidade de deslizamentos em áreas de instabilidade -, a manutenção das condições climáticas e a importância da fauna para o reflorestamento. 


Conselho Municipal de Gestão Socioambiental


Instituído pela Lei Ordinária 9597/2024, o Conselho de Gestão Ambiental de Santa Cruz do Sul foi empossado pela prefeita Helena Hermany no último dia 10, com as atribuições de examinar, esclarecer e propor ações relacionadas ao Cinturão Verde e outros assuntos de relevância relacionados com o meio ambiente em âmbito municipal. O órgão é composto por 12 titulares e 11 suplentes e está subordinado diretamente ao Gabinete da Prefeita. Além de servidores públicos, é integrado por representantes da Unisc, da Faculdade Dom Alberto, da Cooperativa de Catadores e Recicladores, da União das Associações de Moradores de Bairros e da Associação Comercial e Industrial.

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