Se alguém ainda tinha dúvidas sobre destinar o Imposto de Renda para ajudar organizações e entidades que atendem a pessoa idosa, agora não há razão para deixar de fazê-lo. A Primeira Mostra Cultural do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa (CMDPI) levou para a esquina da Cultura uma pequena exibição dos muitos projetos e iniciativas desenvolvidos com o aporte desses recursos e que contribuem para levar mais qualidade de vida a quem já passou dos 60 anos.
A manhã de sol e altas temperaturas desta terça-feira, 22, reuniu mais de uma centena de participantes de projetos sociais destinados a terceira idade na Praça José Paulo Rauber Filho, mais conhecida como a Praça da Cultura. O evento, que se estendeu até o meio-dia, teve apresentação do coral do Sesc, animação com os voluntários da Doutores Só Risos, lanches e a exposição dos trabalhos desenvolvidos pelas entidades. Muita palma, gargalhada, cantoria e diversão foi o que se viu do início ao final da mostra.
Na Rua Galvão Costa, defronte à praça, estavam os painéis com peças de artesanato e também fotografias das muitas atividades desenvolvidas ao longo do ano pelos grupos de idosos da Associação de Amparo à Terceira Idade (AATI), Apopesc, Hospital Beneficente Monte Alverne, Liga Feminina de Combate ao Câncer, Mitra Diocesana, Projeto Maturidade Esportiva da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, Projeto Viver Melhor da Comunidade Apóstolo Paulo, Serviço de Convivência do Centro de Convivência da Melhor Idade e projeto Uniama da Unisc.
Para a representante da Liga Feminina de Combate ao Câncer, Michele Henn Waechter, também vice-presidente do CMDPI, mostrar que os recursos captados pela destinação do Imposto de Renda são aplicados na comunidade, pode motivar mais pessoas a colaborar. Ela também afirmou que é muito importante conhecer o trabalho realizado pelas organizações e entidades que atuam junto aos idosos e que mais iniciativas são necessárias para atender esse público. “A população está envelhecendo com saúde e por isso é importante que as entidades desenvolvam mais projetos”, destacou.
Já a secretária municipal de Cultura, Roberta Pereira, que representou a prefeita Helena Hermany na abertura da mostra, ressaltou a transparência do processo de destinação dos recursos captados através da doação do Imposto de Renda. “Hoje é o momento de conhecer os projetos, saber onde os recursos estão sendo investidos. Estamos vivendo mais, mas queremos viver com qualidade de vida e precisamos que a cidade esteja preparada para que este envelhecimento seja saudável”, frisou.
Para a aposentada Nirley Teresinha Gomes, 67 anos, se manter em constante movimento é a receita para estar em dia com a saúde física e emocional. E ela falou com a propriedade de quem já sentiu na pele os efeitos de uma depressão profunda. “Há sete anos fiquei viúva e tava no fundo do poço, foi minha vizinha que me convidou a participar dos projetos e aí nunca mais parei”, contou ela que hoje tem um novo companheiro e disse estar feliz com a nova vida.
Participante do Grupo Qualidade de Vida do Bairro Aliança, a aposentada Cleci Dones, 64 anos, é avó de seis netos, tem um casal de bisnetos e energia de sobra para dar e vender. “Não tive tempo para os filhos porque trabalhava, mas agora tenho para os netos e bisnetos, então aproveito”, disse. Com uma vida muito ativa, como ela mesma define, participar de atividades como ginástica, passeios, excursões e encontros, é rotina. “Agora vamos para o Natal Luz em Gramado e Canela!”, comemorou.
Entidades podem receber mais recursos se mais pessoas aderirem ao Destinar
Apesar da ampla divulgação dada ao programa Destinar, ainda há um enorme potencial de recursos que podem ser captados através da destinação do Imposto de Renda. Em Santa Cruz do Sul são cerca de R$ 7 milhões que poderiam ser utilizados em inúmeros projetos para melhorar a qualidade de vida dos idosos. Pelo último edital foram revertidos R$ 400 mil para o Fundo do Idoso, valor distribuído entre oito entidades que prestam assistência a essa parcela da população.
Segundo a secretária municipal de Desenvolvimento Social, Priscila Froemming, é possível captar recursos de outros municípios e até mesmo de outros estados do Brasil. “Uma empresa daqui pode acabar destinando Imposto de Renda para uma entidade lá de São Paulo, por exemplo, e o contrário também”, explicou. Ela afirmou que é muito importante sensibilizar a comunidade para que contribua com a causa. “Nós temos um potencial muito grande de indústrias e empresas que podem fazer essa destinação”.
Priscila chamou a atenção para a mudança na estrutura etária da sociedade brasileira, afirmou que o envelhecimento da população é uma realidade e que mais políticas públicas precisarão ser implementadas para atender essas pessoas. “Temos que usar a lógica porque se pensarmos no atendimento de crianças e adolescentes, isso acontece mais ou menos de zero a 18 anos. Porém a partir de 60 já se é considerado idoso e hoje as pessoas alcançam 70, 80, anos, e só aí já são três décadas, ou seja, se vive mais tempo como idoso que como jovem, então temos que pensar nisso”, ressaltou.